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GUARDA DOS FILHOS - PAI PATERNO

Uma reviravolta nos costumes, ao propiciar ao homem o contato mais próximo com seus filhos e família, fez surgir o que eu chamo PAI PATERNO e a verdade é que, com isso, não é só a mulher que ganha, podendo conquistar também outros espaços como sempre se apregoou; entendo que o homem também o ganha na dimensão de seu Ser que hoje já pode ser mais terno.

Assim, nossas crianças atuais têm sido criadas com um modelo masculino mais presente e o homem tem se liberado de suas couraças sociais que o exigiam mais endurecido e amargo e, liberto desta postura obrigatória, tem se tornado mais humano.

Nem sempre foi assim. O pai antigo era apenas o provedor. A paternidade era para o homem simplesmente um Fato, ao invés de sê-lo também um Ato, como vejo hoje acontecer. É o homem querendo ser Pai, querendo participar e estar envolvido, por opção e vontade próprias, pois já tem a convicção de estar perdendo se não o fizer.

Assim, o homem tem desejado o contato mais aproximado com seu filho, as horas gostosas que a relação com uma criança propicia, o afago, o aconchego. Descobriu que o se enroscar com uma criança quentinha e macia dá a ele, como dá à mulher, mais disponibilidade e maior abertura para o toque humano, mais largueza afetiva, mais base emocional. Tem visto a paternidade como um lado de sua vida na qual se "desrobotiza" um pouco, podendo se enxergar como alguém mais do que aquele que digita , que assina papéis, que organiza
projetos.

Em casa, o projeto é humano. É a construção de Ser. É o lançar bases para a estrutura sólida da pessoinha humana que está ali e que é sua. Depende de papai e mamãe. É o montar do EU que é o instrumento mais legítimo que temos de realmente estarmos, de sentir , de viver e ser feliz.

E os pais têm compreendido isto integralmente. Nem se trata mais da participação ocasionada por um discurso feminista antigo que clamava que os pais "tinham que participar, precisavam ajudar". A dinâmica aqui é diferente. Os pais têm participado porque eles mesmos tem encargos eletivos de paternidade. A paternidade, para eles, tem sido vista como um fator positivo para suas vidas; fonte de prazer, fonte de se refazer. Aqui, ele
vai liberar sua musculatura tensa naquele suave derretimento macio de contato, de tez a tez, de calor humano; pai se derretendo, filho se solidificando forte e robusto para a vida.

Nesse deixar ir se amolecendo, se soltando, se dando e recebendo, se articulando e se remontando com Ser, está o ganho do pai, inteligente e sensível que optou por ser Paterno.

Onete Ramos Santiago* é Psicóloga

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