BEIJO GAY – QUEM GOSTA DE FICAR POR BAIXO?
DIREITO DAS FAMÍLIAS PARA TODOS
HOMOAFETIVIDADE
Beijo gay – quem gosta de ficar por baixo?
À primeira vista podem estar pensando que esse artigo trata de algum conto erótico! Mas não é nada disso, trata-se da principal especulação da novela amor à vida, o país inteiro curte a expectativa de um final de novela nunca antes visto na TV brasileira o tão famigerado “beijo gay”
Cenas cheias de romance e até de um certo erotismo entre os personagens Niko (Thiago Fragoso) e Félix (Mateus Solano) fazem parte do cotidiano das famílias brasileiras todas as noites, uma história de amor entre dois homens no horário nobre da principal emissora de TV do país.
Deixando de lado o alvoroço do que pode ser o primeiro beijo entre dois homens na teledramaturgia brasileira deve-se observar os principais aspectos abordados na trama. Além da tentativa de demonstrar às pessoas que o homossexualismo não é uma doença, aborda ainda questões emblemáticas até então pouco trabalhadas em rede nacional.
Homossexualidade, barriga de aluguel e adoção por exemplo há algum tempo atrás só diziam respeito aos casais héterossexuais agora fazem parte também do universo gay.
Depois da decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu aos casais homossexuais os mesmos direitos reconhecidos às uniões héterossexuais em maio de 2011 através da ADIN 4277 e da ADPF 132, diversas outras vieram na mesma corrente, por exemplo a resolução do CNJ nº 175 do dia 14 de maio de 2013 que regulamentou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a conversão de uniões estáveis em casamento.
Acontece que nem tudo são flores na vida desses casais, é certo que com a televisão que ainda é um dos principais meios de comunicação de massa é possível a quebra de alguns tabus, mas uma coisa é aceitar as novidades lá na telinha da TV, outra bem diferente é recebê-las pacificamente na vida real.
De acordo com o grupo gay da Bahia, organização que compila anualmente agressões contra homossexuais e transsexuais, em 2013 foram registrados 306 homicídios de gays no país, dessa forma o Brasil responde por 44% (quarenta e quatro por cento) desses crimes em todo o mundo.
De acordo com essas estastíticas devemos refletir na seguinte questão: a sociedade está realmente aceitando com mais facilidade as questões relativas ao homossexualismo? Esses artistas da novela estão mesmo conseguindo ultrapassar as barreiras do preconceito? Ou será que é pura encenação por parte dos telespectadores ?
Há muito tempo doutrinadores, estudiosos e juristas de uma forma geral vem tentando mostrar que o universo gay não diz respeito apenas às questões voltadas exclusivamente aos desejos sexuais, foi com esse propósito que a Doutora Maria Berenice Dias cunhou a expressão agora mundialmente conhecida “homoafetividade” que significa dizer que esses casais de pesssoas do mesmo sexo merecem respeito como qualquer outra família pois seus relacionamentos são fundados em afeto, carinho, companheirsmo e não apenas em sexo como pensa a maioria, afinal de contas é isso que todos estão aguardando, ou seja, um beijo...
Essa expectativa demonstra que o povo brasileiro está longe de aceitar a homossexualidade, a homofobia encontra-se latente em nossos dias, a intolerância ainda é bastante presente e vai levar algum tempo para que este cenário mude, para que as pessoas enxerguem os homossexuais como “criaturas normais” que não vivem apenas de sexo pois por enquanto como diz o próprio personagem Félix eles ( a sociedade) estão mesmo interessados é em saber : “quem é que vai ficar por baixo”?
Fontes: Revista Veja,15jan/2014- ano 38- nº 2303.
Www.stf.jus.br
Www.cnj.jus.br
Doutora Andrea Mendes Cavalcante Rodrigues.
OAB/DF 15.363.
Pós-graduada em Direito Público pela Universidade Católica de Brasília.
Brasília-DF, 31 de janeiro de 2014.