Notícias

PAI PEDALA 1.200 KM PARA VER O FILHO

31.Ago.2007 DOURADOS - O engenheiro agrônomo Luiz Otávio Flores Anunciação saiu domingo de Campo Grande numa bicicleta em direção à cidade gaúcha de Planalto. Ele vai pedalar 1.200 quilômetros para encontrar o filho. Luiz está engajado na campanha pela guarda compartilhada.

A Associação de pais e mães separados (Apase) lançou o movimento nacional depois que o congresso aprovou, em 2006, o projeto de lei de autoria do deputado Tilden Santiago que tramita no Senado e aguarda a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O engenheiro chegou ontem em Dourados e foi acolhido pelo 2º Grupamento de Bombeiros Militar e o amigo Abílio Pietramale. Luiz concedeu entrevista ao jornal O PROGRESSO e explicou a intenção do projeto "Pai também é mãe!", elaborado por ele com o apoio de várias empresas, inclusive multinacionais francesa e americana. Para Luiz, a guarda compartilhada é fundamental, a fim de minimizar traumas nas crianças, "que muitas vezes se vêem perdidas após a separação dos pais".

A advogada douradense Adriana Lazari reforça a afirmação. Em entrevista ao jornal, ela diz que a guarda compartilhada é ideal. "A responsabilidade é de ambos e, além disto, a possibilidade da criança conviver com os dois, com maior liberdade e sem restrições, melhora a qualidade de vida e reduz impactos, sob o ponto de vista emocional".

Eduardo Machado Rocha, juiz da Vara de Família, lembra que mesmo não estando prevista na legislação a guarda compartilhada vem sendo administrada pelos juízes, desde que haja consenso entre as partes.

Mas, apesar dos inúmeros benefícios para a criança, em Dourados é baixo o número dos que optam por dividir os cuidados com os filhos. "Um a cada 15 casos aceita compartilhar a guarda", diz. Os que rejeitam o acordo em geral são pais sem tempo, mães que estudam, trabalham, ou sem recursos financeiros. Muitas vezes, a criança acaba ficando com os avós.

Tem os que disputam judicialmente a guarda. Eles representam 30% dos casos, mas ao longo do processo desgastante, dois terços acabam desistindo. O juiz acredita que algumas vezes usam o filho como um ‘troféu’, para atingir o ex-cônjuge e acabam penalizando as crianças, que em geral relutam em fazer a escolha, expressando o desejo de ficar com ambos, pai e mãe", diz.

Imprimir Email