VISITADOR
“Sempre seja gentil com suas crianças, pois elas é que escolherão seu asilo”
(Phyllis Diller, Comediante e atriz americana, 1917-)
Quinzenalmente, sou um visitador. Infelizmente, sou um visitador. Segundo acordo de visitação, que foi confeccionado de forma consensual e incrivelmente de boa fé, muitas lacunas foram deixadas de lado. Isto inclui (ou seja, deixei de incluir) feriados, dias especiais, etc. E pasmo sempre, mesmo o pouco que sobrou não é respeitado.
Mas, como disse, sou um visitador. E ultimamente, quinzenal.
Aproveito ao máximo as menos de 48 horas (36 horas, sendo exato) que passo com minhas filhas quinzenalmente. Antigamente, movido por uma ansiedade e culpa, procurava não deixar tempo para momentos vazios. Isto é, sempre tínhamos programação já definida. Isto era sempre gostoso, uma peça de teatro, um cinema, um passeio com família, etc. Mas....
Porém, percebi que havia esquecido que na vida, também necessitamos do vazio, do tempo aparentemente morto. Um momento sem nada, somente para não fazer nada, exatamente como aconteceria se eu ainda morasse com elas. Um momento para refletir sobre o amor que nos une, não fazer nada, rir, brincar, uma rotina do nada. Passei a curtir tanto estes momentos vazios, assim como minhas filhas!
Estes momentos são importantes para elas também terem os momentos em nossa casa, sem a nossa presença. E ao perceberem nossa ausência momentânea, terem a certeza de que estamos perto, para o que der e vier. “Podem brincar sozinhas, Papai também estará perto de vocês”. Temos que dar espaço para elas curtirem a nossa presença e nossa ausência. Ausência próxima, bem entendido.
Algo que eu sentia muita falta e muito me preocupava é não ver minhas filhas brincar e vê-las interagir entre si e com os outros, devido à distância e ao pouco tempo juntos. Isto só é possível nestes momentos. Deixar o momento correr e curtí-las, no silencio. Rir muito com as coisas que falam. Ouvir, observar, sentir, trocar. E analisar para a educação e transmissão dos valores que achamos importantes transmitir. E nos enchermos de dúvidas sobre os caminhos que traçamos para elas. Afinal a dúvida é a verdadeira Mãe (e Pai!) da Criação: “será que estou certo?” “fui muito rígido? Muito liberal?”, “poderia fazer de outra forma?”, “que valores desejo transmitir a elas?”, etc.
Estes momentos vazios são importantes para que paremos com aquela correria de Pai Visitante e virarmos Pai Presente.
Um abraço a todos.
*******************************
Jayme Akstein é autor do livro "Manual do Homem Separado", pela Editora 7 Letras. O livro pode ser adquirido pelo site www.7letras.com.br
(Phyllis Diller, Comediante e atriz americana, 1917-)
Quinzenalmente, sou um visitador. Infelizmente, sou um visitador. Segundo acordo de visitação, que foi confeccionado de forma consensual e incrivelmente de boa fé, muitas lacunas foram deixadas de lado. Isto inclui (ou seja, deixei de incluir) feriados, dias especiais, etc. E pasmo sempre, mesmo o pouco que sobrou não é respeitado.
Mas, como disse, sou um visitador. E ultimamente, quinzenal.
Aproveito ao máximo as menos de 48 horas (36 horas, sendo exato) que passo com minhas filhas quinzenalmente. Antigamente, movido por uma ansiedade e culpa, procurava não deixar tempo para momentos vazios. Isto é, sempre tínhamos programação já definida. Isto era sempre gostoso, uma peça de teatro, um cinema, um passeio com família, etc. Mas....
Porém, percebi que havia esquecido que na vida, também necessitamos do vazio, do tempo aparentemente morto. Um momento sem nada, somente para não fazer nada, exatamente como aconteceria se eu ainda morasse com elas. Um momento para refletir sobre o amor que nos une, não fazer nada, rir, brincar, uma rotina do nada. Passei a curtir tanto estes momentos vazios, assim como minhas filhas!
Estes momentos são importantes para elas também terem os momentos em nossa casa, sem a nossa presença. E ao perceberem nossa ausência momentânea, terem a certeza de que estamos perto, para o que der e vier. “Podem brincar sozinhas, Papai também estará perto de vocês”. Temos que dar espaço para elas curtirem a nossa presença e nossa ausência. Ausência próxima, bem entendido.
Algo que eu sentia muita falta e muito me preocupava é não ver minhas filhas brincar e vê-las interagir entre si e com os outros, devido à distância e ao pouco tempo juntos. Isto só é possível nestes momentos. Deixar o momento correr e curtí-las, no silencio. Rir muito com as coisas que falam. Ouvir, observar, sentir, trocar. E analisar para a educação e transmissão dos valores que achamos importantes transmitir. E nos enchermos de dúvidas sobre os caminhos que traçamos para elas. Afinal a dúvida é a verdadeira Mãe (e Pai!) da Criação: “será que estou certo?” “fui muito rígido? Muito liberal?”, “poderia fazer de outra forma?”, “que valores desejo transmitir a elas?”, etc.
Estes momentos vazios são importantes para que paremos com aquela correria de Pai Visitante e virarmos Pai Presente.
Um abraço a todos.
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Jayme Akstein é autor do livro "Manual do Homem Separado", pela Editora 7 Letras. O livro pode ser adquirido pelo site www.7letras.com.br